ECOS DO FOTÓGRAFO

Capture o instante, imobilize a hora, suavize o que vê. Receba o impacto na percepção aguçada, pelo que faz nesta entrega de luz e vislumbramento e na sutileza da diferença, pois a foto é também o que você sente, o que devolve ampliado pela intuição. Saiba esperar o momento, ter paciência com a hora, espere horas se preciso for. Deixe passar o século… superando o sol e o escárnio alheio, a chuva e as gradações de cores do dia. O preto e branco estará lhe convidando ao desafio de entender um detalhe, uma sutileza própria do seu passo, gravado na mente.  Não se importe com a mediocridade gratuita, viva para além da sua história, do seu meio. Distancie-se para o foco ou o construa na equação do seu olhar, a volta que a lente necessita,  prepare de dentro para fora sua intenção, não só pelo impulso de amar este estado de arte, mas por entender de lapidação de qualquer olhar ou sorriso intenso.

Vibre com o coração, reinvente as dobras do óbvio com a essência do valor da vida, que é intangível e só por isso: mágico e inesquecível quando imagem. Deixe que o vento lhe alerte, que a paisagem faça-se como um sussurro,  faça o que pensa, resolva. Não despreze o pássaro, inseto, flor rara, detalhes do cotidiano, o caleidoscópio das pessoas brincando de serem gente!

Não desestruture a idéia que é vício neste contemplar, dos seus olhos puros, viva o gosto que é tempero da alma, e na fé que possui a explicação de grandeza. Quando ages no obturador, no foco, na velocidade, observe a possibilidade de construir a foto diferente, brincando com luz, sombras e devaneios, é você também dentro da foto quando a define e permite existir. Mesmo se houver anonimato, sua vida criou na febre de existir, no riso da alma, o doce conhecimento de sua habilidade de saber o sonho que faz com que se assustem perplexos pelo grau de diferença quando você faz bem feito.

Vibre, salte sobre a poça, toque dentro de si, num momento de definição e responsabilidade com qualquer proposta, mesmo que digam que você é apenas um disparo no automático, tempere mais ainda todo registro, abrace sua missão com a bondade, pelo que somos, pelo que nos tornamos – melhores a cada “frame”.

Neste disparo não perca o milésimo de segundo quando a mente está à frente do que ainda vai ocorrer, mude a velocidade, que vida é tempo, mas pode ser bem mais que felicidade, por isso gire o anel, e vá do macro ao infinito, a fotografia vai surpreender, melhorar você e o sabor do que fizer. Faça acontecer aquilo que alguns homens subtraem, mas mulheres entenderam. Um dia, o gesto ou sua palavra estarão ali, perenizados na imagem diferenciada por seu mérito. Mergulhe, deixe a beleza e o refinamento tocar tudo que faz, por seu desejo de dar ao mundo, o absurdo da sua generosidade perfeita, que é exata, precisa, incalculável no fluir de sua equação, pois a fotografia é um desafio insaciável e levará o sonho até onde merece. Seja a possibilidade de que o seu emocional não é só uma bandeira, uma pátria chamada de luz, impregnada das coisas que só você a seu prazer saberá modificar e assustar com o belo. Faça, esteja, olhe, sinta, deseje, prenda a respiração que a câmera saberá obedecer, quase que com  vontade própria, e não se admire se hoje, ou amanhã encontrar a foto de toda sua vida dizendo para você; além do aplauso – um Bravo !

Texto Pojucan Barcellar

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